Dica 6 - Quais os cuidados são necessários com a temperatura do motor e com o líquido do sistema de arrefecimento?

              Como já vimos anteriormente, basta parar o carro em um posto de gasolina para ouvir do frentista:

- Vamos dar uma olhada na “água”?

Mais uma vez, vamos explicar um pouco o que ocorre embaixo do capô do veículo para justificar porque você deve declinar delicadamente desta cortesia.

Realmente apenas olhar o nível da água na marcação externa do reservatório do fluído de arrefecimento (também chamado de reservatório de expansão), não é nada demais, mas repetimos que na maioria das vezes, apenas esta verificação visual com o motor aquecido, não justificará nenhuma reposição imediata.

Diferente dos antigos veículos refrigerados a água fabricados nos meados do século XX, a maioria dos motores dos automóveis modernos é refrigerado por uma solução contendo uma parte de água pura (isenta de sais minerais) e um aditivo chamado etilenoglicol.

Ou seja, nos dias atuais praticamente inexistem carros refrigerados apenas com “água”, sendo que o percentual correto na solução tanto de água pura quanto do aditivo é determinado por cada fabricante do automóvel, conforme suas especificações técnicas.

Esta solução é bombeada no motor, fazendo este líquido de arrefecimento circular por todo o sistema.

Geralmente esta bomba (também conhecida popularmente como bomba d’água) é acionada continuamente pela correia junto com o alternador.

Por esta razão quando esta correia se romper, devemos parar imediatamente, pois além da bateria deixar de receber carga pelo alternador o carro poderá superaquecer rapidamente.

 

Basicamente, esta mistura, também chamada de líquido ou solução de arrefecimento, além de refrigerar o sistema, também o protege contra corrosões (no bloco, cabeçote, bomba d’água e válvula termostática, por exemplo) e, além disso, aumenta o ponto de ebulição e diminui o de congelamento da água dentro do sistema pressurizado.

Para refrigerar o conjunto motriz em funcionamento, o líquido de arrefecimento troca calor com as superfícies com as quais ele entra em contato.

Assim, enquanto percorre as galerias do motor e mangueiras, este líquido eleva sua própria temperatura, para depois perder este calor durante a sua passagem pelo radiador. Portanto, a solução de arrefecimento aquecida, ao passar pelas canaletas refrigeradoras do radiador perde calor, baixando a sua própria temperatura e consequentemente a do motor mais adiante.

 Resumindo, o líquido de arrefecimento, além de retirar o calor do motor e transferi-lo para o meio ambiente (por meio do radiador), também protege todo o sistema contra a corrosão.

No entanto, é imprescindível para o bom funcionamento deste sistema fechado que o mesmo opere pressurizado e sem perdas.

De nada adianta o sistema estar abastecido com um líquido adequado se a pressão de operação estiver abaixo da recomendada, por causa de vazamentos nas mangueiras, pequenos furos no radiador, travamentos da válvula termostática, defeito na tampa do radiador ou no reservatório de expansão, entre outros.

Na prática, com o carro previamente ligado e aquecido a simples observação na marcação de nível existente no lado do reservatório de expansão apenas vai mostrar que ele poderá estar (ou não) abaixo do nível máximo.

O problema é que, nestes casos, na maioria das vezes ele sempre estará abaixo do máximo por causa da alta temperatura. Portanto, tenha certeza que raramente haverá necessidade de correção, caso a solução, aparentemente, esteja entre o nível máximo e o mínimo.

 Lembre-se que o sistema de arrefecimento é um circuito fechado no qual a solução circula para captar o calor do motor e posteriormente se resfriar no radiador. Portanto, evite que retirem a tampa do radiador ou abram o reservatório de expansão sem necessidade.

Quando o sistema de arrefecimento é aberto ainda quente, normalmente entra ar no circuito nesta fase de expansão, ocupando espaços normalmente destinados à solução, podendo assim, mais adiante fazer o motor se superaquecer bem mais rapidamente.

 Pelo mesmo motivo nunca complete com água, tanto o radiador, quanto o reservatório de expansão com o motor quente e desligado.

 Outro detalhe importante é que o reservatório de expansão tem esse nome exatamente porque foi projetado para ter um espaço livre para acomodar um maior volume da solução quando esta se expandir.

Ou seja, nunca devemos ultrapassar ou encher acima do nível máximo preconizado, pois é necessário manter este espaço livre, já que de vez em quando, ele irá variar conforme a temperatura da água.

 

Além disso, também existe no motor um dispositivo chamado válvula termostática que abre e fecha a passagem deste líquido para o radiador, regulando e sincronizando, assim, a troca de calor com a sua respectiva refrigeração.  

Esta válvula desvia controladamente este ciclo do líquido, para ele não passar pelo radiador enquanto o motor não estiver com a temperatura ideal de trabalho.

 Por essa razão se você permitir completar totalmente o sistema seja com água, ou com o próprio líquido de arrefecimento, durante o resfriamento a válvula termostática fechará o circuito e o espaço de expansão será totalmente preenchido.

Assim, ao atingir uma temperatura bem elevada e não tendo mais espaço para se expandir, o sistema irá forçar uma válvula de segurança que existe na tampa do reservatório, que normalmente se romperá.

Além disso, ainda existe uma boa possibilidade de quaisquer mangueiras do radiador começar a vazar e até o reservatório se romper, devido o aumento indevido da pressão interna.

Outro agravante é que a válvula de segurança da tampa do reservatório é calibrada para resistir até uma determinada temperatura e pressão. Porém, acima disso, ela vai abrir e liberar o volume e a pressão excedente para fora.

O problema é que além de perder um pouco de solução do sistema também haverá entrada de ar no circuito, gerando interrupções na circulação em algum ponto alto do motor que, portanto, não será refrigerado.

Geralmente, neste caso a parte que fica sem arrefecimento é o cabeçote do motor, causando a queima da junta e danos graves e bem onerosos.

Estas explicações já justificam porque raramente se deve permitir “completar” a “água” do radiador com o motor quente e desligado em um posto de combustível, e mesmo que em uma hipótese bem remota, algum dia isto seja necessário, que esta ação nunca ocorra sem sua supervisão.

Imagine-se, viajando e já bem longe do posto no qual você abasteceu e permitiu que o frentista enchesse totalmente com água o reservatório de arrefecimento, note surpreso que o carro ferveu ou uma mangueira do radiador estourou.

Antes das explicações descritas neste capítulo, certamente você até iria se questionar, pois afinal, por segurança, até permitiu que o gentil frentista colocasse mais água no sistema.

 Portanto, sempre que possível, complete ou troque o líquido de arrefecimento apenas na oficina de sua confiança.

Pode até parecer um preciosismo, mas, basta seu carro ferver ou um problema maior acontecer resultante de um superaquecimento, para você começar a selecionar mais as pessoas que terão acesso ao capô do seu carro.

Outro detalhe importante é sempre respeitar as especificações indicadas pelo fabricante do seu automóvel, pois a composição e as propriedades do respectivo fluido são previamente determinadas e nunca devem ser substituídas por outras diferentes.

Relembramos que estes compostos são produtos à base de polímeros, etilenoglicol e agentes anticorrosivos, sendo que em motores com partes de alumínio, a sua formulação ainda é mais um pouco diferente, pois determinados compostos que protegem o aço podem ser nocivos ao alumínio ou acelerar sua degradação.

Ou seja, usar um fluido diferente e mais barato normalmente não significa que ele trará maior economia, principalmente em médio e longo prazo. Este é o melhor argumento para sempre usarmos o líquido de arrefecimento indicado por cada fabricante para seus motores.

 Enfim, a modernização nos veículos nas últimas décadas foi surpreendente e o sistema de arrefecimento de seus motores acompanhou, lado a lado, este avanço tecnológico, tornando totalmente obsoleta a antiga idéia de que é preciso repor com grande frequência a “água” do radiador.

 Infelizmente, muitos desconhecem que repor a “água” do radiador, ou do sistema de refrigeração apenas com “água de torneira” há muito tempo não é mais recomendável.

Afinal, todos nós sabemos que este tipo de água contém compostos minerais que gradativamente podem provocar danos ao sistema de arrefecimento com incrustações e corrosões nas partes metálicas internas por onde ela passar.

Também enfatizamos que é interessante verificar periodicamente o nível e a coloração do liquido de arrefecimento do reservatório de expansão do sistema, ou mesmo dentro do radiador, sempre com o motor frio.

Se for notado que o nível está baixando rapidamente ou a coloração do fluido está turva e escura, deve-se procurar preventivamente um mecânico.



No caso da luz sinalizadora da temperatura do líquido de arrefecimento acender no painel ou ocorrer um superaquecimento (o carro ferver), pare imediatamente o veículo em local seguro e desligue o motor.

Não insista em continuar com o motor em funcionamento, mesmo após um resfriamento parcial, pois o risco é bem alto do carro ferver novamente e causar danos bem onerosos ao cabeçote do motor.

Lembre que esta luz é acionada por um sensor de temperatura do sistema de arrefecimento do veículo cuja função é analisar a temperatura do motor e do fluido em circulação durante o seu funcionamento e transmitir essa informação para o módulo de controle eletrônico do veículo.

 Este sensor é especificamente constituído por um termistor cerâmico, que apresenta variação de sua resistência elétrica quando submetido a mudanças de temperatura. Assim, quando o calor do sistema aumenta, a resistência do sensor diminui e vice-versa.

Estas sutis alterações na resistência causam variações também na sua tensão sendo estas pequeníssimas mudanças que permitem a identificação precisa da temperatura do motor.

Além de identificar quando o calor começa a aumentar ele também é importante quando os componentes do motor ainda estão frios, já que o sistema de alimentação do motor depende da informação exata da temperatura.

A vida útil desse componente elétrico pode ser muito longa visto que seu principal componente, o termistor cerâmico, tem sua funcionalidade e integridade física praticamente indeterminada.

Porém, é interessante checá-lo sempre que mudanças incomuns nas medições de temperatura forem observadas.

Lembre-se que um motor em funcionamento sempre vai gerar calor. Afinal, seus componentes internos ao se movimentarem, provocarão atritos e, consequentemente, elevação crescente de calor.

De forma geral, o ideal é que o motor trabalhe de forma controlada em temperaturas entre 80º C e 100º C, contudo, como já vimos, existem diversas situações que podem causar seu superaquecimento.

Entre elas, a principal é a redução do nível do líquido de arrefecimento, já que o mesmo tem o papel de conduzir o calor dos componentes por onde ele passa até o radiador.

Outra situação que pode induzir um superaquecimento seria algum problema na ventilação ou ainda um defeito na bomba d’água tornando-a parcialmente ineficiente. Quando isto ocorre é comum se perceber ruídos na peça ou ocorrer vazamentos do líquido de arrefecimento em seu entorno.

Neste caso, a perda crescente do líquido e aumento gradativo da temperatura será sinalizada pelo sensor de temperatura, o que permitirá uma ação preventiva imediata, evitando assim danos maiores ao motor.

O melhor argumento para se seguir todas estas recomendações com o sistema de arrefecimento é dizer que uma retífica de um motor tem um custo altíssimo.

Isto porque quando ocorre um superaquecimento poderão ocorrer dilatações térmicas sobre os pistões e o cabeçote e seus elementos de fixação ultrapassam as tolerâncias previamente definidas, ocorrendo travamento destes componentes com aumento excessivo dos parafusos de fixação e consequente queima da junta e deformação do cabeçote.

 No caso de superaquecimento, o ideal é aguardar que o carro esfrie (desligado), chamar um reboque e o levar para sua oficina de confiança.

A maioria dos fabricantes automotivos sugere para seus carros uma troca completa do líquido do arrefecimento a cada 100.000 km ou 60 meses (o que primeiro ocorrer).

Contudo, sempre com o carro frio inspecione com bastante afinco e frequência o nível do líquido no sistema, observando o estado e a vedação da tampa do radiador, assim como o complete (para ficar entre o máximo e o mínimo) sempre que necessário.


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Dica 1 - Qual a importância e o significado de cada luz do painel?     

Dica 2 - Quanto se gasta realmente com um carro por mês?              

Dica 3 – Por que seguir as especificidades do óleo lubrificante do motor?        

Dica 4 – Quais os cuidados ao dar a partida no motor e como usar a caixa de câmbio?    

Dica 5 – Qual a real importância do óleo da caixa de câmbio?         

Dica 6 - Quais os cuidados são necessários com a temperatura do motor e com o líquido do sistema de arrefecimento?  

Dica 7 – Para que serve e como funciona o fluido de freio? 

Dica 8 – O que é importante conhecer e acompanhar no sistema de direção?  

Dica 9 – Para que serve esse tal de filtro de ar?     

Dica 10 – Para que serve um filtro de gasolina?  

Dica 11 – O filtro do ar condicionado precisa ser trocado?   

Dica 12 – Quando trocar a palheta do limpador do para-brisa? 

Dica 13 – Quais os cuidados devemos ter com a bateria?    

Dica 14 – Quanto tempo dura um pneu e quais os cuidados devemos ter com eles?  

Dica 15 – Quando substituir as velas de ignição?  

Dica 16 – Por que manter cheio o reservatório de partida a frio e também do lavador do para-brisa?  

Dica 17 – É preciso fazer regularmente a limpeza de bicos de injeção e esse tal de TBI?   

Dica 18 – Como funcionam e para que servem os sensores automotivos? 

Dica 19 – Quais são e como funcionam os principais sensores automotivos?   

Dica 20 – Como funcionam e para que servem as bobinas? 

Dica 21 – Como funciona o motor de arranque?        

Dica 22 – Quando trocar a correia do alternador e seus tensores? 

Dica 23 – Tem diferença entre essa tal de correia dentada do motor e a corrente de comando?    

Dica 24 – Quais os cuidados devemos ter com a suspensão do carro?    

Dica 25 – Para que serve calço do motor?    

Dica 26 – Quando trocar os amortecedores?  

Dica 27 – Quais os cuidados devemos ter com os freios?   

Dica 28 – Como funciona o sistema de arrefecimento?    

Dica 29 – Como saber se a injeção eletrônica está com problemas? 

Dica 30 – O que é módulo central (ECU) e Centralina? 

Dica 31 – Quais os cuidados devemos ter com o motor?  

Dica 32 – O que são trizetas, tulipas, coifas e semi-eixos?     

Dica 33 – O escapamento precisa de manutenção (coletor, abafador, silencioso, catalisador e sonda lambda)? 

Dica 34 – Como limpar adequadamente o carro? 

Complementos:

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