Dica 3 - Por que seguir as especificidades do óleo lubrificante do motor?

            

              É muito comum, ao pararmos o veículo no posto de gasolina para abastecer, ouvirmos a seguinte pergunta do frentista:

            - Vamos dar uma olhada na água, no óleo e lavar os vidros?

            Obviamente é uma gentileza ofertada com frequência pelos funcionários. Mas, das três opções oferecidas, apenas a lavagem do para brisa não oferece nenhum risco para quem não está familiarizado com o que acontece embaixo do capô do seu carro.

            Realmente apenas olhar o nível da água na marcação externa do reservatório do fluído de arrefecimento (também chamado de reservatório de expansão) ou verificar o óleo na vareta destinada a este fim, não é nada demais.

            Porém em geral, com o carro aquecido isto não oferecerá nenhuma informação tão confiável a ponto de justificar alguma reposição imediata.

            No caso do óleo, lembre que o motor aquecido certamente apresentará na vareta de medição um nível mais baixo por ele estar muito quente, menos viscoso e mais distribuído por todas as partes internas do motor.

            Mesmo se o carro estiver recentemente desligado para ser abastecido de combustível, ainda irá demorar um pouco para a maior parte de o lubrificante escoar para o cárter onde seu maior volume é armazenado.

            Curiosamente para convencer o (a) motorista da necessidade de repor parcialmente o óleo, não é raro o frentista usar os dedos para mostrar que a viscosidade não está adequada, além de apresentar o nível baixo na vareta medidora.


            Repetimos que, considerando o carro ainda aquecido, certamente estes parâmetros não endossarão uma reposição que respeite o limite máximo indicado pelo fabricante.

            Até porque ao exceder o nível do óleo vários problemas poderão surgir como vazamentos, já que os retentores e juntas do motor poderão não suportar o aumento da pressão interna.

            Além disso, o excesso de óleo aumenta bastante o risco deste excedente ser levado para a câmara de combustão do motor, que por sua vez deve receber somente ar e combustível.

            Isso afeta o consumo do carro e, o mais grave, poderá danificar o catalisador, que é um componente bem caro no sistema de exaustão ou escapamento dos automóveis.

            Finalmente ainda há o elevado risco de o óleo excedente chegar às velas, contaminando-as, provocando falhas no funcionamento do motor, aumento no consumo de combustível e alterações na taxa de compressão interna do motor, o que levará à redução da vida útil de seus componentes internos.

            No caso, de realmente desejar saber o nível do lubrificante de forma mais confiável, estacione em um local plano, desligue o carro e aguarde no mínimo 10 minutos antes de aferir.

            Lembre-se de quanto mais frio estiver o motor, mais precisa será esta medição e você entenderá melhor esta afirmativa, com a explicação mais adiante das especificações dos lubrificantes.

            Como o próprio nome indica, o óleo do motor serve para lubrificar as partes e as peças internas do motor, diminuindo o desgaste dos componentes motrizes, além de reduzir o calor e o ruído.

            Eles podem ser derivados de petróleo (chamados de óleos minerais) ou produzidos em laboratório (conhecidos como óleos sintéticos ou semissintéticos).

            As principais características que são consideradas pelas montadoras de veículos para escolherem o melhor lubrificante para o motor de cada carro se referem à sua viscosidade e sua densidade.

            A viscosidade mede a dificuldade com que o óleo escoa, logo, quanto mais viscoso for um lubrificante, mais lentamente ele fluirá nas partes internas motrizes ao fazer a lubrificação das mesmas com a máquina em movimento.

            Contudo, a viscosidade dos lubrificantes irá variar com a temperatura e por esta razão existe um índice que mede esta variação, chamada de índice de viscosidade (IV).

            Já a densidade é a razão existente entre a massa e o volume do óleo sob a uma determinada temperatura.

            Como já vimos anteriormente, o fabricante de cada veículo ao escolher o lubrificante mais adequado, sempre leva em conta estes dois fatores e, geralmente, o óleo indicado pode ser encontrado no manual do usuário ou de manutenção do veículo.

            Muitos carros usados são vendidos sem o manual de proprietário, o que é uma pena, pois isto sinaliza a pouca preocupação do dono anterior em preservar e entregar o manual ao revender o veículo

            A ausência do manual e também da chave reserva podem, inclusive, ser considerados como um péssimo sinal, no momento da compra de um carro usado.

            Afinal, ele é um livreto que sempre registra uma parte do histórico inicial de serviços realizados, assim como, é uma importante fonte de informações sobre o automóvel que está sendo adquirido. Logo um desleixo na sua preservação e a consequente não entrega para um novo proprietário não pode ser considerado como um ponto positivo.

            Assim, ao comprar um carro usado, além de analisar o bom estado geral do veículo também considere o valor agregado que tem este item e que, infelizmente, poucas pessoas percebem.

            Voltando ao óleo, o padrão mundial que o classifica em relação à sua viscosidade é estabelecido pela SAE – sigla americana para Sociedade dos Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos que determina que, quanto maior for o número SAE, mais viscoso é o lubrificante.

            Em alguns casos, após este número encontramos a letra "W" oriunda do termo inglês "Winter", que significa inverno. Ou seja, ela complementa a classificação SAE indicando que é um tipo de óleo que melhor suporta baixas temperaturas, sem se solidificar ou perder sua capacidade lubrificante. 


Por exemplo, um grande número de veículos que rodam no Brasil possui em seu manual do fabricante a indicação de uso de um óleo com a especificação 10W-30 que possui baixa viscosidade sendo mais fluido no frio e mais viscoso em alta temperatura.

Ou seja, um lubrificante que atua com mais eficiência nas temperaturas do ambiente compreendidas entre -25oC até 30oC (conforme mostrado na tabela SAE).

Na denominação de cada óleo, ainda existe outra sigla denominada API acompanhada de duas letras posteriores à classificação SAE. Por exemplo, API-SL presente na identificação de um óleo do tipo SAE 10W-30 API-SL.

O API, nada mais é do que outra sigla americana para Instituto Americano do Petróleo que desenvolveu uma segunda classificação com base nos diferentes níveis de desempenho dos óleos lubrificantes em relação ao motor. Esta classificação (API) somente utiliza duas letras, sendo que a primeira mostra o tipo de combustível usado pelo motor e a segunda revela a complexidade tecnológica presente no óleo para atender o que é exigido no processo.

Assim, o padrão API adota como primeira letra o “S” para motores a gasolina, flex ou gás natural e “C” para os motores a diesel.

Já a segunda letra, por exemplo, “I”, “J”, “L”, indica a complexidade tecnológica exigida pela máquina, onde a letra “L” indica uma melhor qualidade do lubrificante, se comparada com as letras que a antecedem (...“I”, “J”).

Então, um óleo SAE 10W-30 API-SL indica que ele é um lubrificante para ser usado nos veículos com motores a gasolina, flex ou gás natural (primeira letra “S”) e possui ótima qualidade para trabalhar e atender a complexidade tecnológica exigida pela máquina (segunda letra “L”).

Após estas breves explicações sobre as especificações dos lubrificantes, podemos compreender, por exemplo, que um óleo de motor do tipo SAE 10W-30 API-SL não atua com tanta eficiência em altas temperaturas (acima de 30oC), muito comuns em diversas cidades do nosso país, mesmo ele estando indicado no manual do fabricante.



Ou seja, este entendimento reforça porque nunca devemos ultrapassar em demasia a quilometragem indicada pelo fabricante para a troca do óleo do motor, principalmente, se o carro rodar em situações extremas e em regiões com temperaturas muito elevadas.

Mesmo os veículos que reconhecidamente possuem motores robustos e resistentes, ressaltamos que a sua maior ou menor longevidade é fortemente determinada pelo respeito às manutenções preconizadas pelo fabricante.

No Brasil é muito comum encontrarmos nos manuais de fabricantes automotivos tanto a indicação 10W-40 que atua com mais eficiência nas temperaturas entre -25oC até 40oC quanto, a especificação 15W-40 (óleo mineral) com ideal de viscosidade entre -15oC até 40oC.

Normalmente as trocas de óleo periódicas sugeridas pelas montadoras devem ser feita, em geral no máximo, a cada 10.000 km ou 12 meses (o que primeiro ocorrer), principalmente em regiões ou cidades muito quentes.

Atente para sempre usar o óleo especificado pelo fabricante e nunca acredite na falácia dos vendedores e frentistas que os óleos são todos iguais.

Nestas trocas sempre substitua também o filtro de óleo.

Independente do período da substituição sempre preste atenção para a luz indicadora da pressão do óleo.

Ela se acenderá normalmente quando a ignição for ligada, apagando-se logo depois que o motor começar a funcionar.

Se esta luz se acender durante a condução do veículo, pare em um local seguro, desligue o motor e procure uma oficina de confiança imediatamente.


A maioria dos fabricantes sugere que seja verificado o nível de óleo do motor a cada 3 a 4 tanques de combustível consumido (entre 100 até 150 litros de gasolina, o que pode ser interpretado como algo entre 1000 e 1500 km rodados).

Reiterando que é importantíssimo sempre fazer esta verificação com o veículo estacionado em um local plano, alem de aguardar algum tempo (no mínimo 10 minutos) após desligar o motor.

Lembre-se sempre que qualquer leitura do nível de óleo do motor logo após seu desligamento pode passar uma falsa impressão que o nível está baixo.

Caso o óleo seja completado nestas circunstâncias, o nível do óleo ficará acima da marca superior (“MAX”), o que é prejudicial ao motor.

Por outro lado, é bom saber também que muitos fabricantes consideram aceitáveis que o nível do óleo de alguns de seus motores diminua um pouco após 1000 quilômetros rodados ou um pouco mais.

Ou seja, aproximadamente a cada 3 e 4 tanques de combustível consumido (entre 100 até 150 litros de gasolina) é possível que até um litro de lubrificante seja perdido durante a combustão.

Segundo algumas montadoras, este pequeno volume de óleo pode ser naturalmente consumido durante o funcionamento do motor, porém deve ser reposto sempre que atingir a marca inferior do medidor de nível.

Esta quantidade de óleo consumido dependerá de como o veículo é conduzido, das condições climáticas da região, das rodovias e, em especial, sob qual regime de temperatura o motor opera.

Finalizando, agora que passamos a conhecer as especificações dos lubrificantes podemos compreender porque devemos adotar a saudável prática de ligar o motor frio e aguardar um pouco (em geral, de 3 a 5 minutos), antes de acelerar ou iniciar qualquer trajeto.

Este tempo é importante para que o óleo circule totalmente em todas as partes internas da máquina, além disso, acabamos de ver que as especificações dos lubrificantes são bem claras quanto à temperatura do motor aquecido e a viscosidade ideal para melhor lubrificá-lo.

 

Reafirmamos a importância de aproveitar as trocas de óleo para sempre substituir também o filtro de óleo. Afinal, ele é um dos itens mais importantes de um automóvel sendo essencial para a filtragem de impurezas provenientes do óleo e da fricção das peças, evitando que essas partículas prejudiquem o motor.

Existem dois tipos de filtro de óleo:

O primeiro é o refil que possui apenas o elemento filtrante e todos os outros componentes presentes no bloco do motor.

O segundo é o tipo blindado que possui em si todos os componentes perfeitamente encaixados para que todas as impurezas sejam devidamente retidas.

Em seu interior, este componente pode reter entre 0,5 e 1 litro de óleo lubrificante, ou seja, se não trocar este item, o óleo novo vai se misturar com parte do antigo.

Além disso, muitos filtros de óleo possuem uma válvula by pass que controla a entrada e filtração do lubrificante em seu interior. Ou seja, na peça antiga esta válvula já poderá estar desgastada ou danificada, o que impedirá que o óleo novo seja filtrado adequadamente.

Os problemas causados por um filtro de óleo em péssimo estado são diversos. Porém os principais se relacionam ao maior desgaste nas peças internas do motor, desempenho abaixo do normal e maior queima de combustível.

Também é bastante comum que as pessoas, em nome da economia ou por puro desconhecimento, cometam o grande erro de misturarem dois tipos de óleos ou utilizarem produtos que não cumprem as características técnicas necessárias.

Por essa razão é importante observar e seguir sempre o que o fabricante do automóvel preconiza.




 
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Dica 1 - Qual a importância e o significado de cada luz do painel?     

Dica 2 - Quanto se gasta realmente com um carro por mês?              

Dica 3 – Por que seguir as especificidades do óleo lubrificante do motor?        

Dica 4 – Quais os cuidados ao dar a partida no motor e como usar a caixa de câmbio?    

Dica 5 – Qual a real importância do óleo da caixa de câmbio?         

Dica 6 - Quais os cuidados são necessários com a temperatura do motor e com o líquido do sistema de arrefecimento?  

Dica 7 – Para que serve e como funciona o fluido de freio? 

Dica 8 – O que é importante conhecer e acompanhar no sistema de direção?  

Dica 9 – Para que serve esse tal de filtro de ar?     

Dica 10 – Para que serve um filtro de gasolina?  

Dica 11 – O filtro do ar condicionado precisa ser trocado?   

Dica 12 – Quando trocar a palheta do limpador do para-brisa? 

Dica 13 – Quais os cuidados devemos ter com a bateria?    

Dica 14 – Quanto tempo dura um pneu e quais os cuidados devemos ter com eles?  

Dica 15 – Quando substituir as velas de ignição?  

Dica 16 – Por que manter cheio o reservatório de partida a frio e também do lavador do para-brisa?  

Dica 17 – É preciso fazer regularmente a limpeza de bicos de injeção e esse tal de TBI?   

Dica 18 – Como funcionam e para que servem os sensores automotivos? 

Dica 19 – Quais são e como funcionam os principais sensores automotivos?   

Dica 20 – Como funcionam e para que servem as bobinas? 

Dica 21 – Como funciona o motor de arranque?        

Dica 22 – Quando trocar a correia do alternador e seus tensores? 

Dica 23 – Tem diferença entre essa tal de correia dentada do motor e a corrente de comando?    

Dica 24 – Quais os cuidados devemos ter com a suspensão do carro?    

Dica 25 – Para que serve calço do motor?    

Dica 26 – Quando trocar os amortecedores?  

Dica 27 – Quais os cuidados devemos ter com os freios?   

Dica 28 – Como funciona o sistema de arrefecimento?    

Dica 29 – Como saber se a injeção eletrônica está com problemas? 

Dica 30 – O que é módulo central (ECU) e Centralina? 

Dica 31 – Quais os cuidados devemos ter com o motor?  

Dica 32 – O que são trizetas, tulipas, coifas e semi-eixos?     

Dica 33 – O escapamento precisa de manutenção (coletor, abafador, silencioso, catalisador e sonda lambda)? 

Dica 34 – Como limpar adequadamente o carro? 

Complementos:

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