Dica 18 – Como funcionam e para que servem os sensores automotivos?

Atualmente, não é nenhum exagero dizer que um automóvel moderno é um computador móvel equipado com pneus. Afinal, ele é equipado por diversos módulos eletrônicos que são regulados por um controle central computadorizado que, por sua vez, também recebe dados de sensores e como resposta a estes estímulos, aciona inúmeros atuadores.

Portanto, um veículo hoje é plenamente dependente da nova tecnologia imposta pela computação e como consequência ele está repleto de sensores automotivos que otimizam seu funcionamento e desempenho.

Muitos destes sensores atuam auxiliando o trabalho do sistema de injeção eletrônica propiciando um maior aproveitamento do combustível com diminuição da emissão de poluentes.

Outros sensores agem na segurança dos passageiros e melhor dirigibilidade e ainda temos alguns que se dedicam exclusivamente ao conforto dos ocupantes do veículo.

Para que seja possível atingir estes objetivos eles precisam ser confiáveis e precisos, e graças ao crescente avanço tecnológico, a indústria automotiva atualmente dispõe de excelentes sensores e vários componentes eletrônicos responsivos aos dados captados por eles. 

Por exemplo, o sistema de injeção conta, além dos seus respectivos sensores, com um módulo de controle eletrônico do motor (chamado Engine Control Unit - ECU) e também com vários componentes chamados genericamente de atuadores que são acionados justamente por este módulo (ECU).

Inclusive neste caso, o reconhecimento de falhas em diferentes sensores é feito e gravado pelo módulo eletrônico do motor. Como consequência os respectivos diagnósticos e reparos são crescentes e fazem parte do dia a dia de qualquer oficina, já há bastante tempo.

Em geral, essas identificações de defeitos nestes sensores são feitas por um aparelho chamado scanner, uma ferramenta capaz de realizar uma leitura completa do sistema eletrônico do carro, o que facilita o diagnóstico do problema e permite maior agilidade e precisão no reparo.

Atualmente o scanner automotivo é a principal ferramenta utilizada para detectar problemas no sistema de injeção eletrônica dos carros, bem como oferecer as informações necessárias sobre o seu reparo.

Isso porque ele é um aparelho capaz de identificar os parâmetros operacionais eletrônicos do veículo e corrigir eventuais falhas em tempo real.

Como as modernas tecnologias cada vez mais adentram nas estruturas funcionais dos veículos, esta ferramenta se tornou indispensável no dia a dia de qualquer mecânico.

Para realizar a comunicação com todos os módulos eletrônicos de um carro, o scanner automotivo conta com um software que rastreia todos os sensores e atuadores e, caso exista algum defeito, ele gera um código computadorizado que indica qual é o problema existente.

Portanto, hoje é indiscutível a sua importância no contexto automotivo. 

Ao ser conectado ao carro, o scanner automotivo recebe todas as informações do sistema e também o histórico de falhas.

Esta conexão é feita geralmente por meio de um plug chamado OBD (sigla em inglês para On Boarding Diagnostics) ou OBD II nos modelos mais recentes. 

Todos os carros fabricados no Brasil a partir de 2010 já saem de fábrica com esse conector mais recente instalado (OBD II), pois ele se tornou legalmente obrigatório no país a partir daquele ano.

Geralmente ele está localizado sob o painel, mas sua posição exata depende do modelo do carro e do fabricante.

Originalmente este sistema de diagnóstico de bordo (OBD - On Board Diagnostics) foi desenvolvido para controlar emissão de gases poluentes nos veículos leves. Porém, se popularizou mundialmente a partir de 1996, não só pelo controle da poluição causada pelo automóvel, mas principal pela facilidade que trouxe na reparação automotiva.

O sucesso foi tão expressivo que este sistema de diagnóstico se estendeu para os veículos pesados em 2004, reduzindo consideravelmente o tempo necessário para a reparação da maioria dos defeitos automobilísticos que surgem cotidianamente.


Foi convencionado que a estrutura do código de falha que será lido pelo scanner deve ser formada por cinco dígitos, sendo o primeiro dígito uma letra e os quatro seguintes numéricos (baseados no sistema de numeração hexadecimal que varia de 0 até F pois representa os números na base 16, ou seja, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F).

Portanto o primeiro dígito do código de falha (que é de fato uma letra) refere ao sistema do veículo e pode ser:

 - “B” inicial da palavra em inglês, “Body” e representará os sistemas internos encontrados na área compartilhada pelos ocupantes, tais como o sistema do airbag, do ar-condicionado, do áudio, do travamento de portas, dos vidros elétricos entre outros. 

- “C” inicial do termo em inglês “Chassis” e indicará os sistemas encontrados na estrutura de base do veículo, tais como sistemas de freio, direção, suspensão, tração, etc. 

- “P” inicial da expressão em inglês “Powertrain” que literalmente significa veículo motriz e representará basicamente os sistemas motrizes do veículo, tais como o motor e o sistema de transmissão. 

- “U” inicial do termo em inglês “United Network” que literalmente pode ser traduzido como rede de trabalho unida e representa o sistema do computador de bordo, a comunicação entre sistemas eletrônicos específicos e também possíveis imperfeições na parte elétrica.

O segundo dígito informa se o código de falha é genérico (dígito diferente de “1”) ou específico de algum fabricante (dígito igual a “1”).

Assim, apenas se ele for igual a “1” será um código de erro específico de alguma montadora. Caso contrário ele será genérico.

No exemplo acima o código de falha P0300 é genérico, pois o segundo dígito é “0” (diferente de “1”) logo o significado dele é exatamente o mesmo para a Fiat, para a Volkswagen e também para qualquer outra montadora. 

Por outro lado, no exemplo acima o código de falha P1570 é específico para cada montadora, pois o segundo dígito é “1”, logo o significado dele para a Fiat é “Falha no sensor do pedal do acelerador” já para a Volkswagen é “Partida do motor bloqueada por imobilizador”.

Por esta razão as relações disponibilizadas por cada fabricante de scanner devem ser bem completas e incluírem todas estas especificidades das montadoras. 



O terceiro dígito informa qual o subsistema afetado pela falha, em especial aos relacionados ao motor e a transmissão, ou seja, aos da letra “P”.

Como a norma não define subsistemas das letras B, C e U, temos basicamente as seguintes opções numéricas para o terceiro dígito:

0 – Combustível, medição de ar e sistemas de emissão auxiliares;

1 – Combustível e medição de ar;

2 – Combustível, medição de ar e circuito injetor;

3 – Sistemas de ignição ou falha de combustão;

4 – Sistemas de emissão auxiliares;

5 – Sistema de controle de velocidade e marcha lenta;

6 – Computador e saídas auxiliares;

7 até 9 – Transmissão;

A até D – Propulsão híbrida.

E até F – Sistemas diversos

O quarto e o quinto dígito representam a natureza da falha com ênfase para fornecer um diagnóstico com maior precisão.

Como estes dois últimos números são hexadecimais (na base 16) podendo variar de 0 até F temos 256 possibilidades para indicarem a natureza da falha e respectivo diagnóstico para cada subsistema envolvido.

Todos os códigos de falha possuem significados previamente definidos pelas montadoras de cada veiculo com sua respectiva descrição. Porém, nem sempre estes dados e suas informações se mostram disponíveis em todos os scanners.

Isto porque estes instrumentos também possuem maiores ou menores abrangências de leituras e interpretações de códigos conforme a qualidade e consequentemente o preço de cada aparelho.

Logo, não é incomum surgir no display de um scanner mais simples a mensagem genérica “código desconhecido” no caso da montadora não ter disponibilizado a documentação técnica ao fabricante do instrumento. Ou seja, o código da falha foi até lido e encontrado no banco de dados, mas ele está sem a respectiva descrição no aparelho. 

Reiteramos que ao se usar um scanner automotivo, após ser feita a leitura completa do sistema o aparelho consegue informar com grande precisão qual é a peça que deve ser reparada e alguns, além de apontar o código, também indicam onde está o erro e até o que está acontecendo com a peça envolvida.

Ou seja, a exatidão no diagnóstico é a principal característica deste sistema.


Isto é possível porque quando ocorre uma falha no sistema com o carro ligado, é a própria peça envolvida quem sinaliza o problema para o módulo central (ECU) que acende a respectiva luz sinalizadora no painel e também grava o código do defeito em sua memória temporária.

Assim o scanner ao ser conectado lê o respectivo código de falha ou DTC (sigla em inglês para “Diagnostic Trouble Codes”) que foi gravado no momento do defeito, auxiliando, assim, com grande precisão na correção da falha.

Em outras palavras, a própria peça ou sistema com defeito informa seu problema à ECU que grava a falha para posteriormente ela ser rastreada por um scanner.

Além disso, o aparelho também pode apagar da memória temporária os erros que já foram corrigidos e até, se necessário, criar novas estratégias de injeção eletrônica e avanço de ignição.

Resumindo o scanner automotivo é capaz de auxiliar na identificação de problemas relacionados ao consumo e injeção do combustível, temperatura do motor e líquido de arrefecimento, carga da bateria, rotação do veículo, velocidade, distância percorrida, gases emitidos, entre muitos outros. 



Como funciona um sensor automotivo

Se por um lado, quanto mais as modernas tecnologias contribuem para a melhoria no desempenho, segurança, redução no consumo e menor poluição, por outro lado, teoricamente também são maiores as probabilidades de ocorrerem problemas diversificados.

Esta afirmativa se justifica porque é crescente o número de sensores e atuadores que acabam sendo desenvolvidos exatamente para atender a todas as finalidades emergentes.

Contudo, se analisarmos a relação do aumento deste provável risco com os reais benefícios auferidos, facilmente concluiremos que vale a pena assumir e permitir o crescente embarque das modernas tecnologias em nossos veículos.

Portanto, também é cada vez maior a necessidade de se desenvolver instrumentos de diagnósticos mais eficientes e precisos. Assim como é importante ficarmos mais atentos aos possíveis sinais que este moderno carro agora transmite e, principalmente, evitarmos descuidos nas manutenções preventivas. 

Da mesma forma é interessante conhecer um pouco melhor as características, composições físicas e funcionalidades de alguns dos principais sensores presentes nos atuais veículos.

Este conhecimento serve para dimensionarmos a real importância de cada um deles e, principalmente, os respectivos efeitos benéficos na dirigibilidade e nos nossos bolsos.

Podemos simplificar definindo os sensores automotivos como sendo componentes que conseguem transformar variações de grandezas físicas em variações de grandezas elétricas.

Por exemplo, um sensor de temperatura consegue representar uma variação de uma grandeza física (como calor ou frio medidos em graus Celsius - °C) transformando-a em uma grandeza elétrica (como voltagem – Volts - V).

Assim, considerando o exemplo acima, o módulo de controle eletrônico do motor (ECU) processará esse sinal elétrico a ser recebido em Volts (V) para comandar corretamente os respectivos atuadores sobre o sistema de arrefecimento (eletroventiladores, válvula termostática, etc.).

Ou seja, acabamos de ter a primeira informação básica e de suma importância para entendimento do funcionamento dos sensores: a ECU apenas entende dados informados em grandezas elétricas (Volts). 

No carro existem diferentes classes de sensores. Porém, ao analisar a forma como o módulo de controle eletrônico do motor (ECU) processa apenas os sinais elétricos recebidos, podemos separá-los em duas classes básicas: sensores que precisam de alimentação e sensores que dispensam alimentação elétrica.

Por exemplo, os sensores termorresistivos, que veremos mais detalhadamente adiante, necessitam de alimentação elétrica para funcionarem.

Eles possuem em sua construção um componente chamado termistor que tem a propriedade de oferecer uma resistência variável de acordo com a temperatura externa a qual ele é submetido.

A forma como essa resistência irá variar, está intimamente relacionada ao coeficiente de temperatura do termistor que, inclusive, pode ser negativo ou positivo.

No coeficiente de temperatura negativo (NTC) o valor da resistência diminui proporcionalmente conforme ocorre o aumento da temperatura.

Já no coeficiente de temperatura positivo (PTC) ocorre o oposto, ou seja, o valor da resistência aumenta conforme a temperatura se eleva.

Os NTC são os mais comuns no contexto automotivo e necessitam de alimentação elétrica para funcionar, pois, como já foi mencionado, o módulo de controle eletrônico do motor (ECU) entende apenas os sinais dos sensores por meio de medidas de tensão elétrica e não com variações de resistência.

Por esta razão para que a variação de resistência signifique algo para a ECU é necessário que o sensor seja alimentado com alguma tensão para que ela possa variar de acordo com a medida de resistência do termistor.

Quem fornece essa alimentação, geralmente de 5 Volts (V), é o próprio módulo de controle eletrônico do motor (ECU).

Dessa forma, o processador dentro da ECU entende a variação de temperatura externa de acordo com a variação da medida de tensão consumida pela resistência do termistor.

Por outro lado, os sensores Indutivos não necessitam de alimentação para funcionar, pois sua construção física permite que ele gere sua própria tensão elétrica de sinal.

Sensores indutivos automotivos, que também veremos mais detalhadamente adiante, são amplamente utilizados para medições de rotação e fase.

O princípio de indução é a geração de tensão a partir de distorção de um campo magnético. Assim, esse campo é produzido pelo próprio sensor e a distorção dele é feita por sua própria roda fônica, comando de válvulas, etc. 

A geração do campo magnético ocorre devido à estrutura e construção do sensor, que é composto basicamente por um ímã permanente que tem ao seu redor um enrolamento, formando uma pequena bobina.

Ao conectarmos uma das extremidades desta bobina enrolada ao ímã em um aterramento é formado um campo magnético.

As distorções neste campo magnético causadas, por exemplo, pelo movimento de sua roda fônica, produzirão picos de tensão e a frequência destes indicarão para o módulo de controle eletrônico do motor (ECU) qual a rotação do veículo.

Seja um sensor que precise de alimentação ou não, a forma como o módulo de controle eletrônico do motor (ECU) identifica eventuais falhas no circuito sensor é a mesma, ou seja, por meio de medidas anormais de tensão elétrica que chegam até o processador.

Por exemplo, sensores dependentes de alimentação elétrica costumam com frequência apresentarem defeitos identificados como “curto à massa”, “curto ao positivo” ou “circuito aberto”.

 

Tais falhas são percebidas facilmente pelo módulo de controle eletrônico do motor (ECU), pois seu processador é programado para entender que valores muito baixos ou muito altos indicam algo fora da normalidade neste tipo de sensor.

No caso dos sensores alimentados com 5 Volts (V) não existe exatamente variações entre e 0V e 5V. Eles respeitarão algo inevitável em qualquer circuito eletrônico que é a existência ou ausência de consumo e eventualmente quedas de tensão.

Por essa razão a ECU trabalha em uma faixa pré-estabelecida de trabalho normal dos sensores, chamada “Range check”.

Essa faixa de trabalho para um sensor alimentado com 5V gira, por exemplo, em torno de 0,4 e 4,6V.

Portanto, quando ocorrer, por exemplo, um curto entre o fio de sinal e o fio de aterramento em um sensor, o valor cairá para 0V (pois existe um curto direto com o aterramento) e a ECU entenderá que esse valor está fora do “Range check” (fora do intervalo entre 0,4 e 4,6V), anotando então um “curto à massa”.

O mesmo acontece em caso de curto com o fio de alimentação, retornando para a ECU, 5V sem consumo, indicando um “curto com o positivo”.

 

           Por outro lado, para monitoramento de falhas em sensores que não são alimentados pelo módulo, o processador da ECU precisa ser capaz de identificar apenas duas possibilidades de defeitos: curto à massa e ausência de sinal (visto que um curto com positivo não seria possível devido a estes sensores não terem fios de alimentação).

Neste caso (sensores não alimentados), para identificar um “curto com a massa”, o processador se baseia em um “Range check” similar ao que consideramos anteriormente, ou seja, valor igual a 0V indicaria uma falha.

Porém, para identificar ausência de sinal, os circuitos internos das ECUs que monitoram sensores contam com o trabalho de um componente adicionalmente ligado a uma tensão positiva interna, também geralmente de 5V.

Esse componente adicional pode ser um resistor em paralelo ao circuito do sinal, ligado com um terminal no circuito e com o outro em uma tensão positiva interna.

Essa ligação em paralelo é importante, pois assim, no caso de falha no chicote do sensor, ou do sensor ser desconectado ou ainda haver ausência de sinal por outra razão, a tensão positiva sempre irá superar o valor de resistência do resistor.

Nesse caso, ao invés de o processador receber os picos de tensão emitidos pelo sensor ele recebe 5V constantes, o que indica algo fora do “Range check”, anotando um código de falha como “circuito aberto”, sem consumo.

Todas estas estratégias servem para que a origem exata das falhas seja identificada pelo módulo de controle eletrônico do motor (ECU), e assim o respectivo diagnóstico, nestes sensores, seja mais facilitado.

 Relembrando que um módulo de controle eletrônico do motor (ECU) vem de fábrica com um software de controle de todo o sistema e nele constam diversas possibilidades de falhas no circuito e quais códigos devem ser anotados pelo processador na memória interna da placa em caso de defeitos.

Porém, esses códigos gerados pelo processador são sempre códigos binários típicos e usuais na computação.

Logo, cabe a cada fabricante do scanner, que é o instrumento que os identificam, conseguir decifrar o significado de cada código e, assim, traduzi-lo para melhor entendimento em nosso idioma.

Por essa razão as definições de cada falha poderão variar dependendo do tipo, abrangência e da qualidade técnica de cada scanner.

Existem atualmente tabelas de falhas com mais de 3.000 códigos de erros (genéricos e específicos de cada montadora) que podem ser identificados pela maioria dos scanners existentes no mercado, porém é bom enfatizar que este número segue crescendo. 

Cada fabricante de scanner sempre disponibiliza a tabela atualizada do respectivo aparelho (normalmente na forma digital), apesar de existirem disponibilizadas na web várias relações de falhas genéricas similares. 



 
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Complementos:

Tabela de códigos de falha sistema ODBII/EOBD para scanner automotivo (clique para ver on line)  

Tabela de códigos de falha sistema ODBII/EOBD para scanner automotivo (clique para baixar o PDF) 

Tabela sugestiva para manutenção automotiva (clique para ver on line)

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